“Festejos pela volta do manto tupinambá: ancestralidade e resistência indígena”
A celebração da ancestralidade
“Nós somos os filhos, netos e bisnetos, do manto tupinambá”, cantaram juntos e dançaram juntos, ao som de chocalhos, em uma imensa roda, crianças, jovens, adultos e anciões indígenas, na Quinta da Boa Vista, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Eram quase 200 tupinambás, e estavam felizes. Depois de fazerem uma longa jornada, de ônibus, entre seu território, no litoral central da Bahia, e a cidade do Rio de Janeiro, eles se preparam para celebrar o retorno de seu manto sagrado, feito com penas de ave guará, que estava há quatro séculos exposto em um museu da Dinamarca.”
O regresso do manto ao Brasil
O artefato indígena retornou ao Rio de Janeiro no início de julho, onde se encontra sob tutela do Museu Nacional, em sua biblioteca central, a algumas dezenas de metros de onde os indígenas celebravam na manhã desta segunda-feira. Os tupinambás ainda não haviam tido a oportunidade de recebê-lo. Neste domingo (8), uma pequena comitiva tupinambá teve a chance de visitar o manto, nas dependências do museu.
A importância do reencontro
Os tupinambás de Olivença, povo que vive no litoral da Bahia, que vieram em ônibus fretados para o Rio de Janeiro, puderam ver a vestimenta ritual, que é considerada um ancestral para eles. A cacica Jamopoty Tupinambá ressaltou: “Ele trouxe consigo a força ancestral de um povo que era considerado extinto. E isso não tem preço. A gente está falando de ancestralidade, de memória, de força”.
A luta pela demarcação de terras
As lideranças tupinambás expressaram sua esperança de que a chegada do manto represente um passo definitivo para a demarcação de suas terras. O cacique Sussuarana Morubyxaba Tupinambá afirmou: “Sem esse território, não podemos viver”. A comitiva espera cooperação do governo brasileiro para demarcar o território tupinambá de Olivença, fundamental para a sobrevivência e o modo de vida do povo indígena.
A preservação do manto e sua mensagem
Os tupinambás desejam a construção de um museu em Olivença para resguardar o manto dentro de seu próprio território. A cacique Jamopoty mencionou que a permanência do manto no Museu Nacional será temporária. A mensagem do manto é vista como um fortalecimento espiritual para o povo tupinambá, que espera ainda a repatriação de outros dez mantos sob a guarda de museus europeus.