Dólar cai no Brasil com recuperação do apetite ao risco no exterior e tom duro do Copom
A recuperação do apetite ao risco no exterior e o tom duro da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) derrubaram o dólar no mercado doméstico na sessão desta terça-feira, 6. Em baixa desde a abertura dos negócios e com mínima a R$ 5,6313 no início da tarde, a moeda americana fechou cotada a R$ 5,6574, em queda de 1,46%. Ontem, no auge do estresse lá fora, o dólar havia superado pontualmente os R$ 5,85, atingindo os maiores níveis desde março de 2021.
Recuperação do apetite ao risco no exterior
Com a diminuição dos temores de recessão nos EUA, investidores abandonaram o refúgio dos Treasuries e voltaram aos mercados acionários. As bolsas asiáticas se recuperaram e os índices em Nova subiram mais de 1%. O iene caiu cerca de 0,60% em relação ao dólar, aliviando a pressão sobre divisas de países de juros altos.
Benefícios para o real
O real ostentou o melhor desempenho entre as principais divisas globais. Além de uma correção técnica, a moeda brasileira foi beneficiada pela sinalização do Banco Central de que pode elevar a taxa Selic. Essa medida pode ampliar o diferencial de juros interno e externo, favorecendo o real.
Ata do Copom e cenário interno
O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, observa que a melhora do ambiente externo e o tom duro da ata do Copom foram fatores determinantes para a queda do dólar. A ata deixou claro que há a possibilidade de elevação da taxa Selic em breve, o que gerou confiança nos investidores.
Após o alerta para o cenário de instabilidade e riscos elevados para a inflação, a ata reforçou que o Copom não hesitará em elevar a taxa de juros se necessário. Isso mostra um alinhamento dos membros do comitê sobre os próximos passos da política monetária brasileira.
Diante do cenário de crescimento acima do esperado, mercado de trabalho aquecido e expectativas desancoradas, é possível que o Banco Central brasileiro opte por uma elevação da taxa Selic. O diferencial de taxa de juros é importante, mas a credibilidade da política fiscal e o cenário externo também influenciam na valorização do real.
Opiniões de especialistas
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, destaca que um corte de juros nos EUA e a correção das ações de big techs podem ser positivos para os ativos domésticos. Ele ressalta que o Brasil continua sendo uma alternativa atraente e que a ata do Copom indica um possível ciclo de alta da Selic.
Em resumo, a recuperação do apetite ao risco no exterior, aliada ao tom duro da ata do Copom, impulsionaram a queda do dólar no Brasil, beneficiando o real e gerando expectativas positivas para a economia nacional.