Queimadas no Pantanal já causaram a morte de onças-pintadas
O fogo que consome o Pantanal já resultou na morte de pelo menos três onças-pintadas, de acordo com o biólogo Gustavo Figueiroa, que integra a equipe das Brigadas Pantaneiras na luta contra as queimadas. Na última segunda-feira (5), a descoberta de dois filhotes carbonizados impactou as equipes envolvidas na conservação do bioma. Os animais foram encontrados em Aquidauana, Mato Grosso do Sul, e a terceira onça foi localizada na propriedade Recanto Ecológico Caiman, em Miranda.
Impacto nas onças-pintadas
“A onça é um predador de topo de cadeia, ágil e importante para o ambiente. Quando vemos onças sendo queimadas, podemos imaginar o impacto em toda a fauna do Pantanal que é mais lenta e menos ágil”, ressalta o biólogo.
Um estudo publicado em abril deste ano indicou que, em 2020, as onças-pintadas foram as únicas das oito espécies analisadas que não sofreram redução populacional devido aos incêndios. No entanto, a frequência e gravidade dos incêndios humanos podem afetar a distribuição e persistência das espécies no bioma.
Efeitos devastadores nas espécies vulneráveis
O tatu-canastra é uma das espécies mais vulneráveis ao fogo devido às populações reduzidas e lentas taxas de reprodução. Estes animais buscam refúgio em tocas durante as queimadas, suportando altas temperaturas no solo e inalação de fumaça. Além disso, a anticipação do período de seca e a intensidade das queimadas em 2021 já ultrapassam os números de 2020.
“O impacto é gigantesco, com a perda de resiliência das espécies de fauna ao longo dos últimos anos. Muitas estão sofrendo declínio populacional e extinções locais podem ocorrer”, alerta Gustavo.
Desafios no combate às queimadas
As brigadas enfrentam desafios para acessar áreas com vegetação alta, aplicando técnicas como aceiros e queima de expansão. Contudo, as altas temperaturas e a secura tornam o fogo difícil de controlar, mesmo em áreas já combatidas. O Recanto Ecológico Caiman, uma reserva com 53 mil hectares no Pantanal, promove o ecoturismo como meio de conservação, mas 80% da área foi atingida pelo fogo em julho.
Resgate da fauna silvestre
O Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal conta com 30 profissionais para salvar animais afetados pelas queimadas. Até o último domingo, 564 animais silvestres foram resgatados e aqueles que precisam de cuidados são encaminhados para centros de reabilitação em Corumbá e Campo Grande. As atividades de ecoturismo no Recanto Ecológico Caiman foram suspensas até setembro, visando a conservação da fauna e flora.