Marcha da Maconha de São Paulo coloca em debate encarceramento em massa e violência policial
A Marcha da Maconha de São Paulo deste ano traz à tona questões relacionadas ao encarceramento em massa e à violência policial presentes nas comunidades mais pobres. Com o tema “Bolando o Futuro sem Guerra”, a manifestação tem concentração agendada para o início da tarde deste domingo (16) em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, região central da capital. A passeata seguirá pela Rua Augusta em direção à Praça da República, no centro da cidade.
Motivações e posicionamentos da marcha
O movimento destaca que a proibição da maconha é utilizada como pretexto para a perseguição da população negra que reside nas áreas periféricas das grandes cidades. O manifesto da marcha de 2024 ressalta a mentira por trás da proibição, que apoia a indústria das armas, prisões e chacinas. O documento enfatiza ainda a ideologia racista que gera corrupção e alimenta mercados armados, violentos e lucrativos.
Integrante importante do movimento, Rebeca Lerer aponta a presença de senadores, parlamentares e psiquiatras que mentem descaradamente sobre a questão da maconha em Brasília. Ela destaca que pesquisas evidenciam o potencial da planta para aplicações medicinais, mas a desinformação prevalece influenciada por motivos conservadores e interesses econômicos e políticos.
Regulamentação da maconha em outros países
A discussão sobre a regulamentação do comércio e uso da maconha em outros países lança luz sobre diferentes modelos de legalização. Países como Alemanha, África do Sul, Uruguai, Canadá e partes dos Estados Unidos já avançaram na legalização da planta, adotando abordagens distintas, seja priorizando investidores ou cooperativas e cultivadores caseiros.
Rebeca destaca o interesse de setores como a indústria farmacêutica nos mercados decorrentes da legalização da maconha, que se mostram muito valiosos e em constante disputa.
Situação atual da discussão no Brasil
A ativista vê a discussão sobre drogas como central na agenda política e no debate público do Brasil, se manifestando no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso Nacional. Recentemente, uma proposta que prevê a criminalização do porte ou posse de qualquer quantidade de droga avançou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
Paralelamente, no STF, está em julgamento uma ação que poderia descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal. O processo foi interrompido por um pedido de vista feito pelo ministro Dias Toffoli, com cinco ministros a favor e três contrários à descriminalização.