
Na semana em que se celebra o Dia Mundial da Fisioterapia, a importância da profissão é destacada pela incorporação de tecnologias modernas que expandem as opções de reabilitação. Antigamente, os tratamentos eram majoritariamente realizados com técnicas manuais; atualmente, a fisioterapia inclui ferramentas tecnológicas que aceleram os resultados e ampliam as abordagens terapêuticas.
O professor Gabriel Parisotto, coordenador do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Estácio da Amazônia, informa que os principais avanços na área envolvem a robótica, realidade virtual e protocolos de telereabilitação. “Além disso, temos evoluído na criação de biomateriais e órteses inteligentes, que possibilitam uma adaptação mais precisa às necessidades de cada paciente”, explica.
Segundo Parisotto, a tendência atual é a personalização do tratamento, que envolve a coleta e análise de dados em tempo real somadas à inteligência artificial. Esse conjunto de tecnologias permite a formulação de decisões clínicas e planos terapêuticos mais eficazes. “A reabilitação híbrida, que combina técnicas tradicionais com recursos digitais, tem se mostrado eficaz no engajamento do paciente e na adesão ao tratamento”, acrescenta o professor.
O uso da robótica, por exemplo, permite a repetição de movimentos funcionais com segurança e precisão. A realidade virtual, por sua vez, cria ambientes imersivos que estimulam tanto o aspecto motor quanto o cognitivo, transformando a experiência de tratamento em um “jogo terapêutico”. A eletroestimulação é amplamente utilizada para facilitar o recrutamento muscular e a reorganização neuromotora. “Essas tecnologias têm sido eficazes especialmente em casos de lesões neurológicas, como AVC e lesão medular, além da recuperação pós-cirúrgica e a luta contra a fraqueza muscular. Na prática, esses recursos atuam como aliados no engajamento do paciente, tornando os exercícios mais dinâmicos e interativos”, destaca.
Apesar dessas inovações, o professor enfatiza que as técnicas tradicionais, como a terapia manual e o treino funcional, continuam essenciais em muitos contextos. “Na reabilitação de lesões musculoesqueléticas simples, na dor crônica ou no pós-operatório imediato, a abordagem manual do fisioterapeuta é indispensável. Isso ocorre não apenas pela eficácia, mas também pela relação terapêutica que se estabelece”, ressalta.
Estudos já demonstram que o uso combinado de tecnologias não apenas acelera o ganho funcional, mas também melhora a adesão ao tratamento, promovendo maior independência nas atividades diárias. “Não se trata apenas de reduzir o tempo de recuperação, mas de proporcionar um retorno mais consistente e duradouro ao paciente”, avalia.
No entanto, Parisotto observa que o acesso a esses recursos ainda apresenta desigualdades, especialmente fora dos grandes centros urbanos. “Há um esforço conjunto de instituições de ensino, pesquisa e clínicas para ampliar o alcance dessas tecnologias. Acredito que o futuro da reabilitação no Brasil está na expansão da telereabilitação, em políticas públicas que incentivem o acesso e na formação contínua dos profissionais. Com essas medidas, teremos um cenário cada vez mais inclusivo e eficiente”, conclui.