Recorde de arrecadação federal atinge R$ 203,17 bilhões em setembro
O recorde de arrecadação registrado em setembro é atribuído à recomposição da base fiscal, através do fim de medidas de ajuda as camadas mais ricas, conforme declarou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Durante sua visita a Washington, o ministro contestou as alegações de um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), que aponta que o crescimento do país é impulsionado por estímulos fiscais.
“Nós vamos recompor a base fiscal. Até porque as despesas herdadas para as quais não havia fonte de financiamento têm que ser pagas”, disse Haddad. No final do ano passado, o Congresso aprovou medidas que têm contribuído para o aumento da arrecadação este ano, tais como a taxação de offshores, a antecipação de Imposto de Renda de fundos exclusivos e o fim de benefícios como a subvenção a gastos de custeio de grandes empresas.
A Receita Federal divulgou que a arrecadação federal em setembro atingiu R$ 203,17 bilhões, um recorde em valores corrigidos pela inflação. Em comparação com setembro de 2023, o resultado representa um aumento de 11,61% acima da inflação.
Foco na meta de déficit primário zero
O aumento das receitas será crucial para garantir o cumprimento da meta de déficit primário zero, enquanto o governo busca controlar os gastos. Haddad destacou que, ao mesmo tempo em que as despesas são restringidas, devem cair como proporção do PIB, ressaltando que o objetivo é o PIB continuar crescendo acima de 2,5%.
No acumulado de janeiro a setembro, a arrecadação federal também estabeleceu um recorde. Nos primeiros nove meses do ano, a arrecadação atingiu R$ 1,93 trilhão, com um acréscimo de 9,68% acima da inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
FMI eleva projeção de crescimento do PIB
O ministro da Fazenda viajou a Washington com a equipe econômica para participar da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Durante o evento, foi divulgado que o FMI elevou de 2,1% para 3% a projeção de crescimento para a economia brasileira em 2024, enquanto reduziu a estimativa para 2025 de 2,4% para 2,2%. Haddad contestou as alegações do FMI de que o aumento dos gastos públicos é um dos motivos para a expansão do PIB brasileiro.
O déficit primário do ano passado decorreu do pagamento do calote do governo anterior e é três vezes o planejado para este ano. No entanto, a economia deste ano está crescendo mais do que no ano passado, de acordo com o ministro. Ele enfatizou que o crescimento do país é sustentável e que há condições para continuar nesse caminho.
Mudança na agenda em Washington
No primeiro dia da viagem à Washington, Haddad teve uma mudança na agenda a pedido da Casa Branca. Ele se reuniu com a diretora do Conselho Econômico da Casa Branca para discutir as relações bilaterais e pautas do G20. Devido a esse encontro, a reunião programada com a agência de classificação de risco Fitch foi cancelada. Em setembro, Haddad e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva haviam se encontrado com representantes da S&P Global e Moody’s, obtendo posteriormente um aumento na nota da dívida do governo brasileiro pela Moody’s.