Venezuelanos decidem nas urnas em eleição crucial
Os venezuelanos decidem neste domingo, 28, nas urnas a eleição mais importante dos últimos 25 anos. Pela primeira vez, a oposição é a favorita para vencer, embora haja dúvidas se a ditadura de Nicolás Maduro respeitará os resultados. As principais pesquisas indicam vitória de Edmundo González Urrutia, apoiado pela líder antichavista María Corina Machado, que foi impedida de concorrer.
Desafios e obstáculos no processo eleitoral
González Urrutia, da Plataforma Unitária Democrática (PUD), receberia mais de 50% dos votos. Enquanto Maduro teria cerca de 20%, valor próximo às estimativas de aprovação do governo. No entanto, institutos criados recentemente pelo chavismo apontam um resultado inverso.
Ao longo do ano, o regime impôs novas regras e modificou outras para dificultar a vida da oposição. O caso mais emblemático foi a inabilitação de Corina Machado, que havia ganhado as primárias com mais de 90% dos votos.
Restrições e denúncias de irregularidades no processo
Segundo levantamento das organizações Alerta Venezuela, Espacio Público e Voto Joven, cerca de 25% dos eleitores foram excluídos do processo. Isso porque houve mudança nas regras e milhões de venezuelanos que vivem no exterior não conseguiram se registrar. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgou que mais de 21 milhões de pessoas estão habilitadas para votar. O número, segundo as organizações, indica que 5 milhões ficaram de fora.
Também há denúncias de mudanças arbitrárias de locais de votação, sem a devida comunicação, ou para locais muito distantes. Outro obstáculo, segundo a oposição, é a inscrição de mesários.
Acordo desmorona e oposição busca alternativas
A realização das eleições foi acertada entre Maduro e a oposição nos chamados Acordos de Barbados, que tiveram mediação do Brasil. Em troca de um processo justo, o chavismo teria o levantamento de algumas sanções dos EUA e da União Europeia. O acordo, porém, começou a ruir em janeiro, quando o Supremo Tribunal de Justiça confirmou a inabilitação de Corina Machado.
Na reta final, a oposição entrou em consenso pelo nome de Corina Yoris. Professora e filósofa, homônima de Maria Corina, parecia a candidata ideal. A manobra, no entanto, fracassou, porque Yoris foi barrada no último dia de inscrição sem que houvesse uma justificativa. O único nome aceito pelo sistema do CNE foi o de González Urrutia.
Artimanhas do chavismo para evitar a derrota
Outra ferramenta do chavismo para evitar uma derrota foram as constantes mudanças de regras no meio do processo. Organizações nacionais e internacionais criticaram o CNE, que passou a exigir documentos adicionais para registrar novos eleitores, além de dificultar os registros dos quase 8 milhões de venezuelanos que vivem no exterior.
O último movimento foi dificultar o credenciamento de testemunhas eleitorais, figura semelhante ao fiscal de urna dos partidos no Brasil. Considerados essenciais para a oposição garantir a lisura do processo, o CNE passou a colocar travas aos nomes de 90 mil voluntários enviados pela oposição.