Governo Federal Envia ao Congresso Plano Nacional de Cultura para Próximos Dez Anos
Na segunda-feira, 17 de junho, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou o envio do novo Plano Nacional de Cultura (PNC) ao Congresso Nacional. A cerimônia de entrega, realizada no Palácio do Planalto a partir das 10h, marcou o início do processo de análise legislativa do documento que orientará as políticas culturais do Brasil para o decênio subsequente. O plano representa um retorno à formulação de diretrizes culturais de âmbito nacional após um período intersticial.
Plano como Política de Estado e Pilar Democrático
O texto enviado ao Congresso reitera a cultura como um componente essencial da política de Estado, definindo-a como um pilar estratégico para a consolidação da democracia, da soberania nacional e de um desenvolvimento socialmente equitativo. Segundo a divulgação oficial, o documento busca institucionalizar a cultura não apenas como um direito fundamental, mas como um motor de transformação estrutural, integrando-a às prioridades de governo visando a redução de desigualdades e a valorização da diversidade cultural brasileira. A iniciativa sinaliza uma retomada do protagonismo do Estado na formulação de políticas culturais continuadas.
Participação Popular e Construção Coletiva
Ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou durante a solenidade a dimensão democrática na elaboração do novo plano. “O Brasil volta a ter um Plano Nacional de Cultura construído com a escuta do povo. Estamos reafirmando que cultura é direito, é desenvolvimento e é o coração da nossa democracia”, enfatizou. A cerimônia contou com a presença de agentes culturais territoriais e representantes dos comitês de cultura de todo o país, integrantes do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC). A presença desses atores simbolizou a engajada participação popular e o compromisso coletivo com a materialização de políticas culturais efetivamente democráticas e universalmente acessíveis. A construção do plano envolveu amplos diálogos regionais e temáticos ao longo de 2023 e 2024.
Comissão Intergestores Tripartite: Fortalecendo o Pacto Federativo
Como medida complementar ao envio do plano, o Presidente Lula assinou durante o evento o decreto que cria a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) na área cultural. A iniciativa busca estabelecer um mecanismo permanente de pactuação federativa para a implementação das políticas públicas culturais no território nacional. Essa comissão constitui um espaço institucionalizado de diálogo e negociação entre os gestores culturais da União, dos Estados e dos Municípios.
Objetivos e Funcionamento da CIT
De acordo com o governo, a CIT terá como principal função fortalecer a governança federativa na esfera cultural, promovendo a cooperação técnica, financeira e operacional entre os entes da federação. Sua atuação visa superar desafios históricos de desarticulação e fragmentação nas políticas culturais, garantindo maior coordenação na alocação de recursos, na definição de prioridades e na execução de ações. A criação da comissão representa um avanço no sentido de institucionalizar parcerias intergovernamentais, assegurando que a implementação do PNC ocorra de forma descentralizada, colaborativa e alinhada às especificidades regionais, sem perder o foco nos objetivos nacionais de democratização do acesso à cultura e salvaguarda do patrimônio imaterial e material brasileiro. A comissão atuará como instância de mediação e solução de conflitos entre esferas de governo, além de fórum para a formulação de estratégias conjuntas.
Implicações para o Setor Cultural Brasileiro
A iniciativa do governo, com a entrega do PNC e a instituição da CIT, sinaliza uma nova etapa para o setor cultural no país. O plano estabelece metas ambiciosas em diversas frentes, incluindo democratização do acesso, fomento à criação, valorização dos saberes tradicionais, proteção do patrimônio cultural e ampliação da infraestrutura cultural. A criação da CIT é vista como um instrumento crucial para viabilizar o alcance dessas metas, garantindo que as diretrizes nacionais sejam materializadas de forma articulada e coerente em todos os estados e municípios, potencializando o impacto social e econômico das políticas culturais. A expectativa é de que a combinação de um plano de longo prazo com mecanismos robustos de governança intergovernamental proporcione maior previsibilidade, estabilidade e eficácia às ações públicas no vasto campo da cultura brasileira, reconhecido como um dos mais diversos do mundo.





