Petrobras não deve reajustar o diesel tão cedo
Preços da gasolina e do GLP são reajustados, mas diesel não segue o mesmo caminho
Os reajustes feitos pela Petrobras este mês nos preços da gasolina e do gás liquefeito de petróleo (GLP) que produz não devem alcançar o diesel tão cedo. Segundo as consultorias Argus e StoneX, que acompanham preço e movimentação real de cargas no mercado brasileiro, a forte entrada de diesel russo vendido com desconto aos preços da bolsa de Nova York, segue criando um colchão que tira a pressão dos preços praticados pela estatal. A leitura foi corroborada ao Broadcast por fontes e ex-executivos da Petrobras sob a condição de anonimato.
Situação confortável para a Petrobras na gestão do diesel
Entidades como a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) e o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) reportam uma defasagem superior a 10% entre os preços do diesel Petrobras e o preço de paridade de importação (PPI). No entanto, consultores apontam que essa defasagem tem sido bem menor, variando entre 2% e 4%. A última vez que o preço do diesel da estatal foi reajustado foi em 27 de dezembro de 2023, e desde então a conjuntura é confortável à atual gestão da empresa.
Importações de diesel russo e suas origens
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) mostram que o diesel russo representou a maior parte das importações brasileiras nos meses de maio e junho. Outras origens relevantes incluem Índia, Omã e Estados Unidos. O aumento das importações de diesel russo está relacionado à guerra da Ucrânia, que fez com que as cargas americanas fossem desviadas para o mercado europeu.
Impacto do diesel russo na defasagem de preços
O diretor do CBIE reconhece que o diesel russo tem impactado na defasagem real do preço Petrobras. Mesmo com a presença do produto russo, ainda há uma defasagem nos preços. As flutuações cambiais também afetam o diesel russo, que é negociado em dólar. O cenário atual indica uma defasagem confortável para a Petrobras, mas sem previsão de reajustes.
Desafios futuros para os preços do diesel
Especialistas apontam diversos fatores que podem afetar os preços do diesel no futuro, como uma temporada de furacões mais intensa, riscos às refinarias russas na guerra com a Ucrânia e uma possível queda da taxa de juros americana. No entanto, a Petrobras não tem planos de reajustar os preços enquanto a defasagem se manter baixa.
Produção doméstica reduz pressão logística
O aumento da produção doméstica reduziu a pressão logística associada ao abastecimento nacional. As importações nacionais recuaram, o que está diretamente ligado ao aumento da produção em refinarias da Petrobras. A fonte também descarta prejuízos com importação, citando a escala diferenciada da companhia.
Redução do desconto no diesel russo
O preço do diesel russo vinha sendo vendido com desconto em relação aos preços da Bolsa de Nova York, mas esse desconto tem diminuído nas últimas semanas. Essa redução do desconto pode configurar um novo normal, com os russos tentando aumentar as margens e refletindo também um aumento da demanda interna da Rússia.