Delegado suspeito de participação nos homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes nega contato com os irmãos Brazão
Rivaldo Barbosa afirma nunca ter se comunicado com os acusados
O delegado de Polícia Civil Rivaldo Barbosa, suspeito de envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, prestou depoimento nesta segunda-feira (15) afirmando que nunca teve contato com os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, apontados como mandantes do crime. Preso desde março, Barbosa participou de uma audiência no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados por meio de videoconferência.
Barbosa, que foi chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, alegou: “A única coisa que eu fiz foi indicar o delegado que prendeu o Ronnie Lessa [acusado de executar os homicídios] com provas técnicas. Eu nunca falei com nenhum irmão Brazão, seja sobre assuntos pessoais, profissionais, políticos, religiosos, espirituais ou mesmo de lazer. Eu nunca tive contato com essas pessoas em toda a minha vida”.
Luta contra as milícias no Rio de Janeiro
O delegado também destacou que considera as milícias como um “câncer” presente na cidade do Rio de Janeiro. Ele declarou: “A milícia hoje no Rio de Janeiro é um câncer, um mal, é uma coisa horrível que provoca mortes. Eu lutei muito contra as milícias, e hoje estou aqui por ter combatido tanto essas pessoas. A atuação das milícias resultou em muitas mortes, incluindo a da vereadora Marielle e do motorista Anderson”.
Domingos Brazão e Chiquinho Brazão denunciados por participação nos assassinatos
Além do delegado Rivaldo Barbosa, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e seu irmão Chiquinho Brazão, deputado federal (sem partido-RJ), foram denunciados por envolvimento nos homicídios. Segundo as investigações, o ex-chefe da Polícia Civil teria dado orientações, a pedido dos irmãos Brazão, para a execução dos disparos contra Marielle e Anderson. A participação de Barbosa na reunião do Conselho de Ética foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Depoimento de vereador no processo de cassação do mandato de Chiquinho Brazão
No contexto da reunião do Conselho de Ética, o vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro Willian Coelho (Democracia Cristã) afirmou que a relação entre o deputado Chiquinho Brazão e Marielle Franco sempre foi de respeito. “Nunca presenciei qualquer desavença, nem com Marielle nem com qualquer outro vereador da Casa”, disse Coelho, ressaltando a admiração e carinho que a vereadora recebia.
O depoimento do vereador compõe o processo de cassação do mandato do deputado Chiquinho Brazão, que enfrenta acusações de quebra de decoro parlamentar devido à suposta participação no crime.