Embrapa inaugura o primeiro Laboratório de Agricultura Digital da Amazônia
A Embrapa deu um passo significativo no avanço da agricultura digital na região amazônica com a inauguração do primeiro Laboratório de Agricultura Digital da Amazônia (LADA). Instalado na Embrapa Roraima, em Boa Vista, o laboratório é pioneiro tanto no contexto regional quanto na estrutura da Embrapa na Amazônia. A iniciativa, fruto de uma parceria entre a instituição e a multinacional Foxconn, conta com o apoio do Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia (CAPDA) e da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Estrutura inovadora e foco em tecnologia
O LADA foi projetado para ser um centro de excelência em pesquisa e desenvolvimento de soluções digitais para a agricultura regional. A presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, destacou que o laboratório representa um avanço estratégico para a pesquisa agropecuária no bioma amazônico, unindo ciência e sustentabilidade para fortalecer a agricultura. A cerimônia de inauguração está marcada para o dia 2 de abril, em Boa Vista.
O laboratório conta com uma casa de vegetação automatizada, equipada com um sensor hiperespectral que estudará as reações químicas e fisiológicas das plantas diante de ataques de insetos-pragas, doenças e outras anomalias. Além disso, o LADA dispõe de drones com sensores multiespectrais, hiperespectrais e LIDAR, sensores de umidade e temperatura do solo, GPS diferencial, câmeras de mão, tablets, estações meteorológicas e armadilhas inteligentes, que serão utilizados para coletar dados em lavouras parceiras.
Processamento de dados e inteligência artificial
Na área de processamento de dados, o laboratório possui uma sala estruturada para integração de equipes multidisciplinares, equipada com computadores de alto desempenho, videowall com 12 telas profissionais, projetor interativo e um supercomputador voltado às análises de dados e imagens. A inteligência artificial será utilizada para desenvolver soluções digitais que otimizem a produtividade agrícola e reduzam impactos ambientais.
Outro destaque é o espectrômetro LIBS (Laser-Induced Breakdown Spectroscopy), que permitirá a análise rápida da composição do solo e das plantas sem a necessidade de reagentes químicos, agilizando diagnósticos e pesquisas.
Impacto no setor agrícola
Para o pesquisador da Embrapa, Amaury Bendahan, responsável pela instalação e operacionalização do LADA, o principal objetivo do laboratório é desenvolver soluções digitais utilizando tecnologias como big data, Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial. A rotina no laboratório envolverá a coleta e o processamento de dados, permitindo a criação de ferramentas para otimizar a produtividade no campo, reduzir impactos ambientais e enfrentar os desafios dos eventos climáticos extremos.
“As informações serão obtidas no campo, na casa de vegetação e no laboratório pela equipe de especialistas em agronomia. A equipe de tecnologia da informação é responsável pela gestão da plataforma, do banco de dados e da automatização dos processamentos dos dados e das imagens para que cientistas e especialistas nas culturas possam interpretá-los e entregar os resultados”, explica Bendahan.
A expectativa é que os dados coletados auxiliem na identificação precoce de pragas, doenças e outras anomalias de culturas agrícolas, permitindo a adoção de medidas preventivas mais eficazes. Além disso, a infraestrutura do laboratório possibilitará a inclusão digital de produtores rurais, fornecendo informações em tempo real para aprimorar a gestão agrícola.
Parcerias estratégicas
A Foxconn, maior fabricante mundial de eletrônicos, investiu na iniciativa com recursos financeiros como parte de sua obrigação de aplicar um percentual de seu faturamento em atividades de P&D na Zona Franca de Manaus e pela Lei da Informática. A Embrapa contribuiu com infraestrutura, recursos humanos e outras contrapartidas econômicas e financeiras.
O laboratório foi viabilizado por meio do Programa Prioritário Indústria 4.0 e Modernização Industrial (PPI4.0), coordenado pelo Centro Internacional de Tecnologia de Software do Amazonas (CITS.AMAZONAS), que destina recursos para projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) na Amazônia e pela Lei da Informática.
A iniciativa também conta com a colaboração de outras unidades da Embrapa, como a Embrapa Instrumentação Agropecuária (São Carlos-SP), a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) e a Embrapa Acre (Rio Branco-AC), além de parcerias importantes com a Fundação para Inovações Tecnológicas – FITec, Instituto CONECTHUS e a Fundação de Apoio a Pesquisa e Desenvolvimento Edmundo Gastal – FAPEG.
Futuro promissor para a agricultura digital
O LADA já está parcialmente em funcionamento, com o supercomputador e os equipamentos de coleta de dados em campo operando. Outros componentes, como a casa de vegetação e o LIBS, entrarão em operação nos próximos meses. A expectativa é que o laboratório se consolide como um polo de desenvolvimento tecnológico na Amazônia, promovendo o intercâmbio de conhecimento e o fortalecimento da agricultura digital.
“Queremos que o espaço se consolide como um polo de desenvolvimento tecnológico na Amazônia, promovendo o intercâmbio de conhecimento e o fortalecimento da agricultura digital”, conclui Bendahan. Com essa iniciativa, a Embrapa reforça seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade na agricultura, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região amazônica.