O dólar e o ambiente internacional
O ambiente internacional teve grande influência no comportamento do mercado de câmbio interno nesta quarta-feira, 11. O dia foi marcado pela divulgação da última leitura de inflação ao consumidor nos Estados Unidos antes da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). Após uma alta de 1,32% na terça-feira, quando superou a marca de R$ 5,65 e encerrou no maior valor desde 6 de agosto, o dólar à vista registrou um leve recuo no dia. O real se beneficiou da valorização de mais de 2% nos preços do petróleo e do interesse por moedas de países emergentes, diante da redução dos temores de recessão nos EUA.
Impulso extra e cenário político
Moedas latino-americanas pares do real também receberam um impulso adicional com a reversão parcial de posições compradas em dólar. Essa movimentação ocorreu após a avaliação de que a candidata democrata à presidência dos EUA, Kamala Harris, teve um desempenho considerado positivo no debate contra Donald Trump na terça-feira à noite. Uma eventual vitória do ex-presidente é vista como desfavorável para as divisas da região, devido ao aumento do protecionismo.
Variações e cenário econômico
Com uma mínima de R$ 5,6074 e máxima de R$ 5,6748, o dólar à vista encerrou o dia em R$ 5,6498, representando uma queda de 0,10%. No acumulado da semana, a moeda apresentou ganhos de 1,07%, passando a ter uma leve valorização no mês, de 0,26%. Analistas destacam que a taxa de câmbio tem se mantido em torno de R$ 5,65 principalmente devido aos prêmios de risco associados ao cenário fiscal interno.
Comportamento do dólar em escala global
O Dollar Index, que monitora o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, teve oscilações ao longo do dia em resposta ao debate presidencial nos EUA. Após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI), o índice apresentou leve alta, encerrando o dia próximo dos 101,700 pontos. O CPI mostrou um avanço de 0,2% em agosto em relação a julho e uma alta de 2,5% na comparação anual, em linha com as expectativas, enquanto o núcleo do índice subiu 0,3% no último mês, ultrapassando as projeções. As chances de uma redução na taxa de juros pelo Federal Reserve na próxima semana aumentaram devido aos dados divulgados.
Condições favoráveis para divisas emergentes
Marcos Weigt, head da Tesouraria do Travelex Bank, destacou que o fortalecimento do CPI e a valorização do petróleo são fatores positivos para as moedas emergentes, reduzindo as chances de uma recessão nos EUA. Ele ressaltou a importância dos próximos indicadores econômicos dos Estados Unidos e destacou a necessidade de sinais de afastamento do risco de recessão. Apesar das incertezas fiscais e do possível declínio nos fluxos de dólares nos próximos meses, parte dos analistas enxerga um espaço para uma valorização moderada do real, impulsionada pelo diferencial de juros entre o mercado interno e externo.
Perspectivas para o real
O Barclays prevê um desempenho superior do real em relação a outras moedas emergentes nos próximos meses. A instituição acredita que o pico de pessimismo em relação ao Brasil já passou, refletindo a postura mais coordenada adotada pelo Banco Central e pelo governo. O banco estabeleceu uma posição vendida em dólar em relação ao real, com um preço-alvo de R$ 5,40 até o final de 2024. A expectativa de uma redução na taxa de juros nos EUA combinada com um possível aumento na taxa Selic favorece a realização de operações de carry trade.