Potencialidades e desafios do Brics em meio à geopolítica global
16ª Cúpula do Brics em Kazan
A 16ª Cúpula do Brics está prestes a ocorrer em Kazan, na Rússia, entre os dias 22 e 24 de outubro, reunindo 23 chefes de Estado. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, não poderá comparecer pessoalmente devido a um acidente doméstico, participando do encontro por videoconferência.

Conflito entre China e Estados Unidos
O professor José Augusto Fontoura Costa, especialista em direito do comércio internacional da USP, aponta que as sanções econômicas impostas pelos EUA e pela Europa à China visam conter seu avanço tecnológico. Restrições a investimentos chineses e à exportação de tecnologia avançada são algumas das medidas adotadas.
“Os Estados Unidos estão em clara guerra comercial com a China para tentar conter o desenvolvimento chinês. Por isso, a China tenta construir um espaço para sua atuação econômica, e isto é uma das coisas que interessa ao Brasil e interessa virtualmente a todos os demais participantes do Brics”, explicou José Augusto.
Expansão do Brics
O Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ganhou cinco novos membros este ano, como Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito, com a possibilidade de novas adesões. Este alargamento reflete a importância crescente do bloco no cenário global.
Impacto do imperialismo na cooperação tecnológica
Maria Elena Rodríguez, coordenadora do grupo de pesquisa sobre Brics na PUC do Rio de Janeiro, ressalta a importância de fortalecer a cooperação tecnológica entre os países-membros diante do imperialismo. Ela enfatiza a necessidade de reduzir a dependência de tecnologias controladas por potências ocidentais.

“Isso ocorre por causa do interesse econômico. Se eu controlo uma tecnologia que ninguém mais tem, todos vão depender de mim, não só economicamente, mas também em termos de necessidades. É uma forma de manter os outros países na dependência. É o que a gente chama de imperialismo e de hegemonia e, quando se trata de tecnologia, há um pouco de colonialismo”, explicou Maria Elena.
Posicionamento do Brasil no Brics
O Brasil busca equilibrar suas relações entre os blocos liderados pelos EUA e pela China, visando benefícios comerciais e tecnológicos. José Augusto destaca o potencial tecnológico do país em diversas áreas, apesar da necessidade de investimento em ciência e tecnologia.
“O Brasil não é um vazio tecnológico, temos potencial, mas perdemos muito tempo sem investir adequadamente em desenvolvimento de ciência e tecnologia. Nosso desenvolvimento tecnológico sempre foi impulsionado pelo Estado, é fundamental aproveitar a relação com a China para avançar nesse sentido”, explicou.
O Brasil busca fortalecer sua agenda tecnológica e de cooperação com a China, visando impulsionar a neo-industrialização e desenvolver parcerias em tecnologias verdes. A cooperação entre os países do Brics se mostra crucial para o avanço tecnológico e econômico coletivo.