Nicarágua expulsa embaixador brasileiro em retaliação por ausência em aniversário
O governo da Nicarágua tomou a decisão de expulsar o embaixador do Brasil em Manágua, a capital do país centro-americano, após o diplomata Breno Dias da Costa não comparecer ao aniversário de 45 anos da Revolução Sandinista. A cerimônia, que irritou o governo de Daniel Ortega, ocorreu no último dia 19 de julho.
Em resposta a essa decisão de Ortega, o Itamaraty optou por expulsar a chefe da Embaixada da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matus. Esta ação foi fundamentada no princípio da reciprocidade, que visa aplicar a outro país as mesmas regras que são aplicadas ao Brasil. A assessoria de imprensa do Itamaraty confirmou a informação, acrescentando que o embaixador Breno da Costa deve deixar a Nicarágua ainda nesta quinta-feira (8).
O governo da Nicarágua já havia comunicado à diplomacia brasileira cerca de 15 dias atrás sobre a possibilidade de expulsar o diplomata do país devido à sua ausência no aniversário da Revolução Sandinista, que em 1979 derrubou a ditadura de 40 anos da família Somoza.
Bispo preso
A relação entre os dois países vinha se desgastando desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou, a pedido do Papa Francisco, intermediar a libertação de um bispo que havia sido preso pelas autoridades nicaraguenses. Lula revelou, em uma entrevista coletiva realizada em julho deste ano com veículos estrangeiros, que Ortega não respondeu aos seus pedidos de diálogo.
O governo da Nicarágua tem sido alvo de críticas de organizações de direitos humanos internacionais e de alguns países, especialmente os Estados Unidos, que acusam o presidente Daniel Ortega de reprimir a oposição e perseguir críticos com prisões arbitrárias.
Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 119 pessoas permanecem detidas arbitrariamente após julgamentos injustos, incluindo o bispo católico de Matagalpa, Rolando Álvarez, que recebeu uma sentença de 26 anos de prisão por conspiração e disseminação de notícias falsas.
A Nicarágua também enfrenta um isolamento internacional, com sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos numa tentativa de isolar economicamente o país centro-americano.