Desde às 9h da manhã deste sábado (1º), o tradicionalíssimo Cordão da Bola Preta agita centenas de milhares de foliões neste dia especial para o Rio de Janeiro. Primeiro de março é o aniversário de 460 anos da cidade.
Em uma coincidência do destino, o desfile do megabloco acontece justamente na Rua Primeiro de Março – referência a uma vitória do Exército brasileiro na Guerra do Paraguai (1870).
O cortejo segue até a Avenida Presidente Antônio Carlos, um trecho em reta de cerca de um quilômetro. Nos dias de semana, é um dos trajetos mais movimentados do centro carioca.
De acordo com a prefeitura, o Bola Preta reuniu 700 mil pessoas. É um dos cerca de 50 blocos programados para este sábado no Rio.
Antes de qualquer marchinha, a primeira mensagem que saiu dos caminhões de som foi um “não é não”, em alto e bom som, para marcar a campanha contra qualquer forma de assédio sexual.
Tradição
Cordão da Bola Preta é um dos blocos mais antigos do Rio de Janeiro – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O Bola Preta é o bloco carnavalesco mais antigo do Rio de Janeiro. Existe desde dezembro de 1918. Em 2011, chegou a colocar 2 milhões de pessoas para pular na rua. Só não desfilou em 2021, por causa da pandemia da covid-19.
Para o presidente da organização, Pedro Ernesto Marinho, é especial desfilar no dia do aniversário do Rio. O tema do bloco este ano é Rio, eu te amo.
“Eu acho que o Bola Preta em outra cidade não teria tanta ênfase quanto tem no Rio de Janeiro, que é a cidade do samba, das praias, calorosa, de povo ordeiro”, disse.
Pedro Ernesto considera que uma das receitas de sucesso do Bola Preta é manter a tradição. “Bola Preta é a essência do carnaval, não foge das suas características”.
Prova disso, diz, é a insistência em não mudar o estilo do megabloco e tocar outras vertentes musicais.
“Não entramos nessa. Resolvemos nos manter fiéis às marchinhas, aos sambas tradicionais de carnaval e aos sambas-enredo de sucesso”.
Para ele, esse é um dos motivos que fazem o cordão atrair gente de todas as idades. “Vai encontrar bebê de colo, vai encontrar pessoas com mais de 90 anos. É para eles que fazemos o carnaval”.
Gerações
Foliões se divertem no 106º desfile do Cordão da Bola Preta, no centro da cidade – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Essa diversidade de gerações estava personificada nas foliãs Magna e Ana Carolina, mãe e filha. A aposentada Magna Faria dos Santos, de 70 anos de idade, diz que o Bola Preta representa para ela “só alegria, só felicidade”.
Moradora de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, ela disse que leva 2 horas para chegar no local do desfile, o que não a desanima. “É curtir, brincar, sorrir, pular, dan&cced…
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Em uma coincidência do destino, o desfile do megabloco acontece justamente na Rua Primeiro de Março – referência a uma vitória do Exército brasileiro na Guerra do Paraguai (1870).
O cortejo segue até a Avenida Presidente Antônio Carlos, um trecho em reta de cerca de um quilômetro. Nos dias de semana, é um dos trajetos mais movimentados do centro carioca.
Para muitos vendedores ambulantes, a concentração de tanta gente ao som das marchinhas é oportunidade para ganhar dinheiro.
É o caso de Matheus Júnior, morador de Nova Iguaçu, município da região metropolitana a mais de 60 quilômetros de distância, que vendia bebidas.
“O bloco está me ajudando muito, tendo bastante vendas” – disse à Agência Brasil o vendedor de 27 anos de idade que, a cada dia, está em um bloco. “Vou rodando, rodando até quarta-feira de cinzas”.